Guia de Projetos usando OP Stack (Parte 2)
Bem-vindos de volta à segunda parte do nosso Guia de projetos que estão utilizando o conjunto de ferramentas da Optimism (OP Stack) para criar sua própria rede
Bem-vindos de volta à segunda parte do nosso Guia de Projetos usando o OP Stack.
Na Parte 1 do nosso Guia, exploramos uma série de projetos que abraçaram o OP Stack para construir suas próprias soluções, como a Base, PGN, Zora, dentre outros. Vimos de cara que diferentes tipos de projetos já estão usando o OP Stack, desde redes com propósitos gerais, até aplicações específicas de um protocolo.
Nesta segunda parte, continuaremos nossa jornada pelos projetos que estão utilizando o OP Stack, mas dessa vez, mergulharemos mais fundo para explorar projetos nem tão conhecidos pelo público, mas que já estão fazendo barulho e utilizando, é claro, o conjunto de ferramentas da Optimism.
Perceba como muitos projetos justificam o uso do OP Stack no fato da ferramenta ser escalável e segura, sem contar que a sua possibilidade de adaptação para as particularidades do projeto (modularização) acaba facilitando que cada time construa com base no que lhes for mais favorável. Interessante perceber como vários projetos também já mencionam a existência futura de uma SuperChain, fortalecendo, ainda mais, essa ideia apresentada pela própria Optimism.
Então, sem mais delongas, vamos dar continuidade à nossa exploração e conhecer as inovações e conquistas que esses projetos têm a oferecer.
Manta Pacific Network
A ideia do protocolo Manta Network é criar soluções utilizando zero knowledge (zk), de modo a deixar zk acessível a qualquer um. Eles querem se tornar um ecossistema multi modular para aplicações que usam zk, quase como uma espécie de zk as a service, ou zero knowledge como um serviço, segundo as próprias palavras do time.
E falando em responsáveis pelo projeto, a Manta possui um time de peso por trás, já que seus fundadores vieram de instituições relevantes como Harvard, MIT e até a própria Algorand. Isso sem contar que o projeto recebeu investimentos de grandes fundos como Binance Labs e Polychain Capital.
Hoje em dia, suas soluções são a Manta Atlantic, uma rede de camada um que utiliza zero knowledge e que possui seu foco em identidade digital e credenciamento por meio do uso de SoulBound Tokens (SBTs); e a Manta Pacific, que nos interessa mais no texto de hoje.
A Manta Pacific é uma rede de segunda camada focada em aplicações EVM (Máquina Virtual da Ethereum) que utilizam zero knowledge (zk). Seu objetivo é proporcionar um ambiente escalável e barato para aplicações que utilizam zk serem criadas utilizando a linguagem Solidity.
Em resumo, as duas soluções (Manta Atlantic e Manta Pacific) funcionam da seguinte forma:
Trazendo mais detalhes sobre a solução de segunda camada Manta Pacific, sua ideia é ser a casa da aplicações zk que utilizam a Máquina Virtual da Ethereum. Para que isso seja possível, a solução oferece:
Programabilidade em zero knowledge de modo nativo na layer 2 EVM;
Circuitos Universais para desenvolver facilmente aplicações utilizando zero knowledge e apenas utilizando a linguagem Solidity;
Disponibilidade de dados da Celestia;
Uso do OP Stack para escalabilidade;
Ou seja, a Manta Pacific utiliza uma versão customizada do OP Stack para criar sua camada de execução dessa solução de segunda camada da Manta. Isso porque, segundo a documentação do projeto, o OP Stack oferece a melhor interoperabilidade, maturidade de engenharia e melhor visão de futuro para o ecossistema.
"Individualmente, o ZK da Manta, o DA modular da Celestia e o OP Stack oferecem tecnologias convincentes com adoção comprovada. Ao combinarmos esses três elementos, estamos criando um ecossistema de primeira classe para desenvolvedores e usuários quando se trata de casos de uso ZK, algo que é muito necessário no espaço." — Victor Ji, Fundador da Manta
A rede foi lançada em mainnet no último dia 12 de setembro e já processou quase 300 mil transações. Contudo, seu TVL ainda é relativamente baixo, ficando na casa dos 2.7 milhões de dólares:
Lyra Chain
Em 27 de julho de 2023, o famoso protocolo de opções, Lyra Finance, anunciou sua V2. Dentre as novidades, estava a Lyra Chain, um rollup da Ethereum construído utilizando o OP Stack com o objetivo de aumentar o número de transações processadas e abaixar o preço das taxas do protocolo.
Atualmente, um dos segmentos de mais interesse em cripto é o mercado de opções. Sozinho, esse segmento já movimenta quase 8 milhões de dólares diariamente, e uma parte relevante disso vem da Lyra, que atualmente é o segundo maior protocolo de opções, perdendo apenas para a Aevo (que trouxemos na Parte 1 do Guia):
Além disso, desde o seu lançamento, a Lyra já recebeu mais de 600 mil dólares em taxas do protocolo:
Contudo, segundo o anúncio de sua V2, isso seria “só a superfície de tudo o que é possível”, afirmando pela necessidade de expansão e crescimento da Lyra.
A ideia da V2 é que a Lyra se torne uma rede de segunda camada da Ethereum, como pilar base do próprio protocolo. Além disso, como mencionado anteriormente, a ideia é que essa rede aumente a capacidade e diminua o custo do Protocolo Lyra, herdando a segurança da Ethereum, traga maior interoperabilidade e, até mesmo, melhore a experiência do usuário.
A meta então, que com tudo isso, a Lyra se torne o principal local de negociação de opções onchain, contudo, isso só o futuro poderá dizer, até mesmo porque seus competidores também estão partindo para o mesmo caminho, de construir suas próprias L2, como a própria Aevo.
Até o momento, a V2 (e a Lyra Chain) ainda não foi lançada, mas, se você tiver interesse, pode solicitar acesso antecipado:
Mode
Mode é uma rede, ainda em fase de testes, que utiliza o OP Stack e é orientada pelo que o projeto chamou de “hyper-growth” ou hiper crescimento, recompensando diretamente desenvolvedores, usuários e protocolos como sua estratégia para crescer e atrair mais usuários/projetos.
Segundo o próprio anúncio de lançamento da sua testnet, a Mode parece já estar alinhada com a ideia da SuperChain, o que pode ser benéfico para atrair mais interesse ao projeto.
Assim como outros projetos utilizando o OP Stack, a Mode é alimentada pelo Conduit, um serviço de criação de rollups na Ethereum que, basicamente, torna mais fácil a criação de uma rede de segunda camada utilizando o OP Stack ou a Arbitrum Orbit.
A proposta da Mode é construir estruturas onchain que redefinam o padrão de crescimento do ecossistema, distribuindo os lucros do sequenciador do projeto instantaneamente para os contribuintes e oferecendo aos desenvolvedores uma nova maneira de ganhar com seus contratos inteligentes. Basicamente, a Mode quer trazer:
Compartilhamento de taxas entre desenvolvedores e os contratos criados na rede;
Sistema de indicação, recompensando usuários por trazerem novos membros à rede;
Com base nessas estratégias de crescimento, a rede de testes da Mode registrou aumentos substanciais nas atividades de endereços diárias e mensais. Até meados de setembro, o influxo de endereços ativos já havia superado o total de agosto, impulsionado principalmente por novos usuários, mantendo ao mesmo tempo uma base sólida de usuários que retornam à rede:
Kinto Network
O objetivo da Kinto Network é ser uma Layer 2 focada em serviços financeiros. O projeto diz ser primeira Layer 2 com KYC (Conheça seu Cliente) capaz de dar suporte a instituições financeiras modernas e protocolos descentralizados. Seu objetivo é, então, ser a ponte entre o mundo "tradicional" e a web3.
O projeto possui, em seu nível base, essa verificação KYC, seguros e também liquidez crosschain. Isso traz, por um lado, certa desconfiança da comunidade web3 raiz, já que a demanda por KYC nem sempre é bem vista, mas por outro lado, pode trazer uma maior segurança aos players tradicionais que querem entrar no mercado web3.
A arquitetura de rede da Kinto utiliza o OP Stack e funciona como um Optimistic Rollup. Contudo, graças à modularidade do OP Stack algumas modificações foram realizadas para criar o melhor produto possível à proposta da Kinto, como por exemplo a reversão de transações que não possuirem verificação de KYC.
O projeto ainda está em fase de testes mas já ultrapassa 400 mil transações, contudo, possui atualmente apenas cerca de 130 carteiras únicas ativas mensais, um número bastante baixo.
Para finalizar, a documentação do projeto traz a existência de um possível token ao projeto, o $KINTO. Aparentemente, cerca de 60% do supply inicial do token serão destinados à comunidade, mas isso ainda é para o futuro, e a própria documentação diz que a proposta ainda precisa ser ratificada.
Pika Protocol
O Pika Protocol é um protocolo da OP Mainnet que foca na realização de trading de derivativos com alavancagem. Hoje, você consegue negociar os mais de 20 pares ofertados no protocolo com até 200x de alavancagem e com uma slippage quase nula e taxas bastante baratas (da própria OP Mainnet).
Em maio de 2023, o protocolo anunciou seu roadmap e, dentre as novidades, estava a Pika Chain, a ser lançada em conjunto com a V5 do protocolo. A ideia com a Pika Chain é ser uma rede de terceira camada (ou uma layer 3) construída utilizando o OP Stack para servir como base da V5 do protocolo, que almeja ser uma espécie de AMM e uma corretora com livro de ordens.
Além disso, o token nativo da Pika Chain será o próprio $PIKA, que hoje é negociado na casa dos 15 centavos de dólar:
Desde o anúncio em maio, não houve mais nenhuma atualização sobre a V5 do protocolo ou sobre a Pika Chain. Contudo, o próprio roadmap anunciado mencionava que o plano era para os próximos 12-18 meses, então ainda há tempo para maiores novidades sobre a própria rede de camada 3 da Pika Protocol.
Ancient8 Chain
Antes de criar sua própria rede de segunda camada, a Ancient8 já era a maior Guilda de Games do Vietnã. Criada em setembro de 2021, a Ancient8 surgiu para profissionalizar o mercado de games, na época a ideia era reunir pessoas interessadas em jogar Axie Infinity e recompensar essas pessoas por seu trabalho.
A Guilda oferecia scholarships e conteúdo educacional, enquanto recrutava pessoas para trabalhar e tinha a missão de democratizar o acesso e remuneração no metaverso. O projeto, inclusive, chegou a levantar mais de 4 milhões de dólares com essa missão, contando com investimentos da DragonFly, Coinbase Ventures e Pantera Capital:
Em setembro desse ano a Ancient8 anunciou que o projeto estava entrando em um novo capítulo com a criação da Ancient8 Chain, uma solução de segunda camada da Ethereum construída utilizando o OP Stack e com o foco no mercado de games. A ideia é utilizar a modularidade do OP Stack para criar uma blockchain que melhor se adeque às demandas do mercado de games.
No próprio anúncio de criação da rede, a Ancient8 disse já estar alinhada à visão da Superchain da Optimism, além de trazer também as vantagens de utilizar o OP Stack (compatibilidade EVM; segurança e confiança; interoperabilidade e colaboração; escalabilidade e vantagem no processamento de transações).
A rede ainda está em fase de testes, mas já conta com mais de 35 mil carteiras conectadas. Isso em menos de um mês de funcionamento chega a ser impressionante, ainda mais tomando em consideração o mercado de baixa e a importância que o segmento de games tem conquistado nos últimos tempos.
Ficamos por aqui hoje…
…essa foi a Parte 2 do Guia de projetos usando OP Stack. Mas não iremos parar por aqui, voltamos na próxima semana com a terceira parte desse guia, trazendo mais nomes e projetos que estão utilizando o OP Stack para construírem suas próprias soluções.
Como foi perceptível no texto de hoje, vários projetos ainda são bastante recentes, alguns surgiram não tem nem 1 mês. Isto é, ainda é cedo para tirarmos conclusões definitivas sobre a situação e o êxito de cada um desses projetos. Muito ainda será desenvolvido, não só nos projetos, mas também no próprio OP Stack, como por exemplo o sistema de fault proof da Optimism.
Resta aguardar essa evolução e desenvolvimento, para ter mais fundamentação sobre quais projetos terão um futuro no ecossistema blockchain.
Parabéns pela informação
Exelente conteúdo