🔲 VC e tokens: a nova moda é liberar geral
O modelo de lançamento com baixo suprimento está com os dias contados.
O maldito vídeo do Murad sobre “superciclo das memecoins” iniciou duas coisas: o retorno do frenesí especulativo em memecoins e as discussões sobre o modelo atual de distribuição de tokens.
Simplificando: a galera voltou a discutir sobre esse lance de lançar token com baixo percentual de suprimento. A conclusão é a mais lógica: isso é paia e não tá dando certo.
E não foi só o varejo que chegou nessa conclusão. É possível que comecemos a ver projetos lançando tokens com 65% ou mais do suprimento disponível logo de cara. E isso é bem interessante.
“Por que o modelo atual é paia e pode ficar interessante, Pelica?”
Suba na motoca. Vamos dar uma volta.
Low float e FDV alto
O modelo muito praticado atualmente é o tal do low float and high FDV. Calma, eu vou explicar.
Primeiro, tirando a sigla da frente: FDV é a sigla em inglês para “valor total diluído”. O FDV é encontrado quando você multiplica o preço atual de um token pelo suprimento total dele, e não apenas o que tá em circulação.
Vamos usar o SCR de exemplo: o suprimento total dessa bomba é 1 bilhão, mas só 190 milhões estão em circulação. Ao preço atual de US$ 0,73, o valor de mercado dele menos de US$ 140 milhões. Obtive esse número multiplicando o preço pelas 190 milhões de unidades.
Por outro lado, o FDV do SCR é superior a US$ 733 milhões. Dá uma grande diferença, né?
“E esse low float?” Bom, o termo float é utilizado para definir quanto do suprimento do token está disponível no mercado. Um float baixo, ou low float, significa que um percentual baixo do ativo está disponível por aí.
Agora, um token que tem muito do suprimento disponível no mercado para negociação é considerado high float.
“Por que eles fazem isso, Pelica?” Bom, quando um token é lançado no mercado, ele chega com um preço muito superior àquele que foi oferecido para fundos de capital de risco (VC, na sigla em inglês) que investiram no projeto.
Então, se você compra um token por US$ 0,50, pode ter certeza que o VC comprou por US$ 0,05. E isso no mínimo.
Além disso, os projetos geralmente pagam colaboradores com seus próprios tokens. Para impedir que todo mundo resolva vender o token logo quando ele é lançado, colapsando o preço, os tokens ficam travados.
“Mas isso não é bom, Pelica?” Depende. A partir de agora, vou usar as palavras do Andrew Kang, co-fundador do fundo de capital de risco Mechanism Capital, para explicar a problemática disso.
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A faca de dois gumes
Esse modelo onde os tokens ficam travados, em um período chamado de vesting, surgiu como resultado da febre das ofertas iniciais de tokens (ICO, na sigla em inglês) vivida em 2017.
Os VCs e outras pessoas com bala na agulha compravam os tokens baratinho e, quando ele era lançado, todo mundo despejava na cabeça do varejo.
Em tese, a ideia de um mecanismo para prevenir isso é legal. Mas aí entra a ineficiência do mercado cripto: com pouco suprimento disponível e muita gente interessada em comprar uma moedinha nova, o preço dispara.
Até aí, normal. O problema é que o preço dispara demais, e faz com que o token fique valendo mais do que realmente “deve”.
E aí, começa a liberar mais suprimento quando o período de vesting dos VCs acaba, e eles vendem os tokens para o varejo. Isso reajusta o suprimento, e o preço corrige.
A questão é que todo mundo já sabe disso, então foi criado um jogo onde muitas vezes as pessoas compram tokens já sabendo que o preço vai escorregar drasticamente no longo prazo.
Esse foi um dos argumentos usados pelo Murad, durante o famoso discurso dele na Token 2049, para justificar porque o varejo adora memecoins. Ninguém gosta de ser liquidez de gente com muita grana. Ninguém gosta de comprar algo com um horizonte de queda certa.
Ao comprar uma memecoin, você já compra um ativo totalmente disponível e o mercado se adequa. Esse foi o argumento dele, não sou eu que tô afirmando. Não acho memecoins justas, mas isso é papo para outro dia.
A coisa já parece ruim, mas piora: quem comprou o token cedo e apoiou o projeto ferrenhamente não tem motivos para continuar fazendo isso depois de um tempo. Afinal de contas, se isso tudo vai derreter, a decisão mais lógica é botar o dinheiro no bolso e partir pra próxima.
Como resultado, os times por trás dos projetos ficam correndo atrás do próprio rabo, tendo que rebater argumentos sobre queda de preço em vez de focar em soltar produtos e melhorias.
“Então é o fim das moedinhas de VC com fundamento?” Não. Mas talvez as coisas comecem a ficar melhores para o nosso lado, que é o lado do varejo.
O Kang acredita que o padrão para lançamentos agora deve disponibilizar entre 65% e 75% do suprimento do token logo de cara.
E, depois do fiasco de tantos tokens esse ano, não duvido que as estratégias de lançamento comecem a mudar e ir em direção a essa previsão.
Tá dando ruim
Recentemente, o braço de pesquisa da Animoca Brands soltou um relatório avaliando todas as listagens de tokens feitas na Binance, Bitget, Bybit, OKX e KuCoin de janeiro até setembro.
Ao todo, foram listados 773 tokens e o desempenho deles na mediana variou de 40% a 70% negativos. Pra quem não manja de estatística, mediana é o valor que separa a metade maior da metade menor de um conjunto de dados, e é mais precisa do que a média.
Mas se o lance de vocês é média, tem também: a “melhor” performance rolou com os tokens listados na Binance, que tiveram uma performance média de 27% negativos.
“Mas Pelica, por que tu tá falando de listagem de tokens?” Porque o relatório da Animoca Research descobriu que os tokens que performaram melhor foram aqueles com a proporção MC/FDV mais próxima de 0,5.
“O QUE?!” Calma, eu vou explicar. MC/FDV é quando a gente divide o valor de mercado pelo FDV, e aí obtém um valor que vai de 0 a 1. Na verdade, não chega a zero literal, mas bem próximo.
Enfim, isso é usado pra medir o quão inflado tá um token. Quanto menor foi a proporção, pior é a saúde do ativo em termos de distribuição.
Como os tokens que mais valorizaram estão ali na “meiuca”, os analistas da Animoca Research entenderam que os investidores estão mais interessados em tokens com um mercado já estabelecido e potencial de crescimento.
E, consequentemente, eles estão melhores em identificar esses tokens.
Existem mais argumentos pra justificar que o padrão atual de lançamento de tokens é podre, mas acredito que as falas do Kang e os resultados desse report da Animoca são um bom ponto de partida para entender essa novela.
Bom, era isso que eu tinha para falar hoje. Pode descer da motoca.
Antes de terminar, gostaríamos de lembrar que o conteúdo discutido aqui é estritamente informativo e destinado a fomentar a discussão geral. Não deve ser interpretado como recomendação financeira, fiscal ou conselho de vida para qualquer indivíduo. Encorajamos fortemente que você faça sua própria pesquisa e consulte profissionais qualificados.
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