Onde se esconde a grana dos VCs?
Vamos dar uma olhada onde os dois fundos de capital de risco mais ativos do primeiro semestre enfiaram a grana deles.
Uma parte importante do mercado de moedinhas de computador é representada pelos fundos de capital de risco, ou VCs na sigla em inglês. Sim, os tão temidos VCs.
Você gostando ou não, a verdade é que esses são os caras com bala na agulha para criar campanhas absurdas de incentivo e fazer todo mundo encher o canequinho de dinheiro. Bom, pelo menos a galera que chegou primeiro.
Tá, já deu de introdução, hoje o negócio é partir logo para o cerne da coisa. VOCÊ NÃO SUBIU NA MOTOCA AINDA?!
Por que VCs?
Recentemente, começou-se uma caça às bruxas no Twitter envolvendo os VCs. Mais especificamente, no que tange os airdrops. O Barcelos, aquele cara que pediu minha lista com as Top 10 gostosas do X, ressaltou isso em um tweet dele.
Basicamente, todo mundo agora odeia “moeda de VC”, que são os tokens de aplicações ou blockchains que receberam uma grana considerável de fundos de capital de risco. Ao mesmo tempo, a galera vibra quando um protocolo recebe uma betoneira de dinheiro, já comemorando um possível airdrop gordo.
Esse cenário esquizofrênico é ótimo para ilustrar a importância dos VCs na dinâmica do mercado cripto: eles entram com a grana, impulsionam os projetos e depois despejam na nossa cabeça.
“E você apoia isso, Pelica?!” Bom, até eles despejarem na nossa cabeça, dá pra surfar muito bem na força que eles fazem para um projeto crescer. Os airdrops, já mencionados aqui, são um ótimo exemplo disso.
Pouco importa se o preço é inflado ou não. O mercado recentemente assumiu esse amor por memecoins, que são “moedas orgânicas cujo preço não é manipulado”, e passou a “odiar” os VCs porque eles “manipulam o preço”. Galera, se eu comprar US$ 10 mil da memecoin de gato que mais valorizou no dia que eu tô escrevendo isso aqui, eu causo um pico de valorização.
Resumindo: VCs investem em projetos, projetos crescem, tokens valorizam, a gente ganha dinheiro surfando nisso. Não é o ideal, mas acontece.
E se os projetos crescem quando os VCs injetam dinheiro, nada mais justo do que a gente acompanhar onde eles estão aplicando dinheiro. E esse é o objetivo do texto.
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“Ah, mas e com aquela shitcoin do real?” Em breve, fiquem calmos.
Tá feito o jabá, bora continuar o artigo.
Resumindo o primeiro semestre
O primeiro semestre acabou, e com esse fim vem a necessidade de avaliar o que rolou durante os primeiros seis meses do ano. Ao todo, fundos de capital de risco injetaram US$ 4,45 bilhões em startups do mercado cripto, nos dados do DefiLlama. A divisão por mês ficou na forma da imagem abaixo:
“Pelica, eu prefiro o Crypto Rank!” Então você escreve lá o seu texto usando os dados do Crypto Rank. 👍
No primeiro trimestre, foram levantados US$ 2,25 bilhões pelos projetos da indústria blockchain. Vale destaque o mês de março, que levantou o maior volume de investimentos desde outubro de 2022.
Já no segundo trimestre, o total investido em startups cripto foi US$ 2,19 bilhões, que é basicamente a mesma coisa levantada no primeiro trimestre de 2023, e dá uma retração de 2,7% entre trimestres em 2024. É uma redução ok, certo?
Sim, é. Mas ela esconde o fato de que a grana dos VCs está encolhendo desde o pico em março, já que a diferença até junho é de praticamente 53%. Pois é, menos da metade da grana vista em março foi aportada no mercado cripto em junho.
Mas tudo bem, pelo menos a gente tá uns US$ 200 milhões na frente quando comparado ao primeiro semestre de 2023. Quer dizer, quase tudo bem, já que a gente tá no meio de um bull run. Essa diferença, preferencialmente, deveria ser maior.
Uma explicação para isso é o entusiasmo do mundo com inteligência artificial (IA). O primeiro semestre de 2024 também marca o período onde o recorde de investimento recebido por startups de IA foi batido. Então esse pode ser um dos motivos por trás do fluxo fraco de capital em meio a um bull run.
Uma segunda explicação é que a gente tá apenas no começo do ciclo de alta, e os VCs vão se animar daqui a pouco, como rolou entre 2021 e 2022. Relacionado a isso, eu trago a terceira explicação, que é: os VCs caíram na real e estão mais cautelosos na hora de investir em startups cripto.
Seja lá qual for a causa, esse é o panorama geral dos investimentos nas startups cripto para o primeiro semestre deste ano. Agora, é hora de destrinchar onde foi essa grana!
Os queridinhos dos VCs
Primeiro, vamos dividir nos principais setores, beleza? Basicamente, os projetos relacionados a infraestrutura sugam tudo, com um pouquinho mais de US$ 3 bilhões direcionados a eles nesse primeiro semestre.
Caem como projetos de infraestrutura as blockchains e soluções criadas pra facilitar o desenrolar do mercado, tipo um projeto de DePIN. É normal que o setor de infra domine os investimentos, nunca vi um mês em que eles não dominaram durante esses meus mais de dois anos cobrindo ativamente essa parte de captação de investimentos.
Já os projetos de DeFi, receberam US$ 480 milhões no mesmo período. Aqui eu trato tudo que é aplicação construída sobre essas camadas de infraestrutura, tipo exchange descentralizada.
Os projetos voltados totalmente à Web3 receberam quase US$ 159 milhões. E o que são esses projetos? Eu trato como aplicações gerais da Web3 aqueles casos que usam elementos da tecnologia blockchain em casos Web2, tipo NFT para facilitar o mercado de ingressos, soluções de SocialFi, etc.
Por fim, o setor de blockchain gaming beirou os US$ 250 milhões recebidos no primeiro semestre de 2024. Se você fizer as contas, vai ver que faltam alguns milhões pra fechar, mas é que esses valores foram adicionados depois no DefiLlama e eu não fui verificar os buracos. Não atrapalha também o resultado final, então fica frio aí.
“Porra, Pelica! Mas isso é tudo muito amplo, né?” Concordo, irresponsável. Por isso, nós nos aprofundaremos nesse tópico através dos VCs mais ativos no primeiro semestre.
Caso a caso
O meu cientista de dados preferido, o ChatGPT, filtrou os dois VCs mais ativos no primeiro semestre desse ano, que foram OKX Ventures e Binance Labs. Bora dar um confere no que eles mais investiram então!
OKX Ventures
A OKX Ventures, como o nome sugere, é o braço de capital de risco da OKX. A estrutura de investimento deles ficou assim:
Lembrando que isso é o acumulado de TUDO que eles já investiram. Não consigo filtrar melhor que isso, mas dá pra gente ter uma ideia do perfil de investimento do VC.
Dentro de infraestrutura, o maior investimento deles foi de US$ 100 milhões na HashKey, pra construir uma exchange centralizada. Além disso, parece que eles estão apostando em soluções alternativas de escalabilidade que unem a parte de infra e L2, que é o termo para soluções de segunda camada.
Dá pra gente ver isso na participação deles nos rounds de: Zeus, uma solução de interoperabilidade que usa a Solana Virtual Machine (SMV); Eclipse, uma blockchain de segunda camada do Ethereum que também usa Solana Virtual Machine; e Movement Labs, a blockchain de primeira camada que usa Move Virtual Machine e conecta com o Ethereum.
Isso pinta um retrato, como eu falei, de um VC que tá buscando alternativas para escalabilidade que vão além de só socar um rollup em cima do Ethereum. Isso se intensifica quando a gente vê que eles também jogaram dinheiro na AltLayer, que é uma estrutura que facilita a criação de rollups em diferentes redes.
Outro fator importante, caso ainda não tenha ficado claro, é que eles também investiram na Sonic. A Sonic é uma estrutura que também usa SVM, e tem a proposta de impulsionar o ecossistema de jogos da Solana.
Até em escalabilidade no Bitcoin eles apostaram ao jogarem uma graninha em Bitlayer e Merlin Chain, ambas L2 do Bitica. Ah, tem a Arch Network também, que é uma solução focada na programabilidade sobre o Bitcoin.
Ali em liquid staking, é importante ressaltar que a OKX Ventures botou grana tanto na Renzo quanto na Ether.fi.
Vale ressaltar que, embora não seja uma parte relevante do volume de investimento deles, a OKX Ventures participou recentemente da rodada de financiamento do Compute Labs, um protocolo de tokenização de ativos do mundo real (RWA, na sigla em inglês).
No que tange DeFi especificamente, e isso se traduz em aplicações, eles botaram dinheiro em Thruster e Aark, duas exchanges descentralizadas para negociação de derivativos.
Resumindo então os interesses do VC mais ativo do primeiro semestre:
Infraestruturas do ecossistema Solana;
Escalabilidade através de soluções alternativas que não envolvam especificamente Ethereum;
Liquid staking e restaking;
Derivativos on-chain;
Uma pincelada em gaming e RWA.
Binance Labs
Assim como a OKX Ventures é o braço de investimentos da OKX, a Binance Labs cumpre esse papel para a Binance. O retrato de investimentos deles é um pouquinho diferente:
Logo a gente já nota um padrão, que é a predileção por aplicações para o ecossistema DeFi e soluções de infraestrutura. Aqui, porém, tem uma presença considerável do setor de jogos criados usando blockchain.
Tem uma beiradinha ali, contudo, em liquid staking e restaking. Só deixar claro aqui que a Binance Labs botou dinheiro em Puffer, Renzo e Zircuit. Fora do ecossistema Ethereum, tem também: MilkyWay, mais voltada ao token TIA; BounceBit, uma infraestrutura de restaking de BTC; e Babylon, outra estrutura de staking líquido de BTC.
Além dessas startups construindo coisa sobre o Bitcoin, a Zest também recebeu grana deles. Para quem não acompanhou, a Zest é um money market criado sobre a estrutura do Bitcoin. Money market é aplicação tipo a Aave, galera. Assim como a OKX Ventures, eles também financiaram a Unisat recentemente, que é a plataforma/carteira para facilitar negociação de Runes e Ordinals no geral.
Essa beiradinha, embora pareça menor que as outras, é praticamente toda referente a 2024. Além disso, ela também esbarra em infraestrutura e DeFi, por isso eu achei pertinente trazer.
Falando em DeFi, as aplicações que a Binance Labs mais impulsionou também têm a ver com trading, mais especificamente de derivativos. Alguns bons exemplos são Aevo, Bracket Labs, Shogun, UXUY, Derivio e StakeStone.
Enquanto Aevo e Derivio são soluções focadas totalmente em derivativos, as outras auxiliam de alguma forma na experiência do usuário dentro do ecossistema DeFi. Em outras palavras, a Binance Labs tá investindo pesado quando o assunto é deixar trading on-chain mais palatável aos usuários, envolvendo melhorias na liquidez e na interface das aplicações.
Já que tudo ali em cima endereça as fatias de DeFi e Infraestrutura, resta então falar daquela parte de gaming. A real é que a Binance Labs já investiu muito em gaming em toda a sua existência, o que torna eles bullish com o setor. Mas, especificamente em 2024, eles só colocaram dinheiro no estúdio SkyArk Chronicles e no jogo Cellula.
Nas zonas de interesse da Binance Labs, então, temos:
DeFi e escalabilidade no Bitcoin;
Trading totalmente on-chain, em especial derivativos;
Liquid staking e restaking;
Jogos, ainda que a maior parte das sementes tenham sido plantadas antes desse ano.
E é isso. Só analisei esses dois VCs porque, além dos mais ativos, eles são os mais diversos nos investimentos. Isso ajuda a ter uma ideia do que atrai o interesse dos fundos de capital de risco.
Claro, a gente tem outros grandes VCs que focam em nichos específicos, como a Animoca Brands investindo em jogos em blockchain, mas isso vale uma análise só deles. O objetivo hoje era ver como tá a saúde do mercado da grana em cripto, e o que tem chamado mais a atenção dessa galera.
Vejo vocês na terça-feira que vem. Pode descer da motoca agora.
O link para o Discord da Modular está com problema
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