O básico de análise on-chain para capotar o Corsinha
Para não deixar que dirijam por você.
“Pelica, me indica geminha!” Ouvi muito isso em cripto e, felizmente, vocês pararam com esses pedidos bestas. Vejam, nem é por mim: nessa de ficar pedindo gema, vocês vão capotar o Corsa. E o pior: nem vão capotar o Corsa por mérito próprio, mas porque alguém cortou os freios de vocês.
Hoje, então, eu vou ensinar como maximizar seus acidentes de trânsito. Se você ainda não sabe, agora vai aprender o básico sobre como capotar o Corsinha por conta própria.
Mas o passeio de Corsa é só depois. Agora, é hora de subir na motoca.
O velho basicão
Antes de começarmos, no entanto, quero fazer aquele disclaimer. Analisar dados on-chain é uma forma antiga de filtrar tokens com potencial de valorização e, nesse ciclo, nem sempre é efetiva. Não quer dizer que ela não acerte (fiz grana com INJ e KUJI assim), mas não é a única forma de lucrar boladas de dinheiro como foi no último ciclo.
Aliás, nenhuma forma é a única forma, né? De qualquer forma, acredito que aprender a lógica por trás da análise on-chain é o passo básico que qualquer pessoa em cripto deve dar. É tipo aprender a lutar sem saber posicionar os pés, não funciona.
A partir do que eu vou abordar agora, vocês vão conseguir construir um processo de entendimento sobre outras coisas em cripto, o que já é melhor do que só chegar aqui e vender um produto que vai te tornar dependente de mim.
Um passeio no DefiLlama
DefiLlama é a maior instituição em cripto de forma disparada, e eu não tô exagerando. Eles entregam uma soca de informação GRATUITAMENTE e permitem que os degenerados broquem nesse louco mundo de moedinhas de computador.
E o que a gente vai olhar primeiro lá é o tal do TVL, sigla em inglês para “valor total alocado”. Na aba da esquerda, vá em “DeFi” e depois em “Chains”. O que a gente vai procurar aqui é:
Redes com crescimento de TVL expressivo nos últimos 30 dias e 7 dias;
O crescimento dos 30 dias deve ser MAIOR do que o crescimento semanal;
Sem percentuais absurdos, tipo 5.000%;
Redes acima de US$ 1 milhão em TVL.
O racional por trás dos tópicos acima é encontrar um crescimento orgânico e sustentável, em vez de algo pontual que aconteceu e pode distorcer sua pesquisa. Além disso, filtrar uma rede com TVL acima de US$ 1 milhão ajuda a evitar pegadinhas. Por exemplo, a Pelichain tinha US$ 2.000 de TVL e, do nada, alguém joga lá US$ 10.000. Vai dar que o TVL cresceu seis vezes até bater os US$ 12.000 e vai te atrapalhar a fazer as coisas de forma prática e rápida.
Beleza, agora é hora de entrar nas redes filtradas e avaliar as aplicações lá dentro e entender o que tá fazendo o TVL da rede crescer. É uma DEX oferecendo yield alto? É um protocolo de empréstimo? É um protocolo de restaking?
E aqui entra o nosso segundo filtro, que é entender o que causa o crescimento dessas aplicações. Quando um programa de incentivo bate, é normal que o TVL dispare, porque isso atrai “capital mercenário”. O capital mercenário é a galera que só quer chegar, farmar os incentivos e pular fora. Em outras palavras, isso não é um crescimento orgânico. A mesma coisa pode ser vista quando uma rede tá com programa de pontos para airdrops.
Importante: é possível jogar com base no capital mercenário, tipo comprar o token antes do programa de incentivo inflar o TVL e vender antes do programa acabar. Programas de incentivo são um dos maiores catalisadores de alta pra um token, mas isso é uma conversa pra quem é Modular PRO.
Outra coisa pra prestar atenção é se o TVL da rede subiu por conta de uma valorização súbita no token nativo dela. Por exemplo, se a maior parte do TVL da Pelichain é no token PELI, se ele dobrar de preço, a quantidade equivalente de valor alocado vai duplicar. Por isso, é importante ver o fluxo de stablecoins pra dentro dessa rede.
A lógica aqui é que stablecoins representam melhor a entrada de gente interessada em interagir com a rede. Claro, existem exceções, tipo redes novas que só permitem bridge de ETH por um período determinado. O importante, de qualquer forma, é vocês entenderem a lógica aqui e serem capazes de analisar caso a caso.
E, para analisar esse caso a caso, selecionem a opção de “stablecoins” quando vocês estiverem olhando o gráfico de TVL de alguma rede, tipo aqui:
“Mas por que TVL, Lilica?” Como vocês já devem ter escutado até cair as orelhas, as movimentações de preço em cripto seguem MUITO a atenção. É mais um menos assim: um ecossistema cresce, ele começa a ser mencionado muito por aí, e aí a galera começa a comprar esperando uma valorização.
Quando estamos nessa fase, porém, a gente já perdeu a maior pernada de ganhos. O lance é observar quando esse movimento de crescimento tá começando e se posicionar nele. Viu como é um jogo onde você compra porque assume que outras pessoas vão comprar? Se acostuma, o mercado cripto é assim.
“Tá, mas aí o que eu faço?” Você tem duas formas de investir seguindo essa análise: comprando o token do ecossistema (ETH, SOL, NEAR, etc), ou comprando tokens de protocolos dentro de ecossistemas que estão crescendo. O Barcelos, se não me engano, pegou uma movimentação nas métricas da Convex e lucrou firme com CVX. Lucrou, mas não levou, porque ele é um tarado que curte travar dinheiro. Mas ele fez a leitura!
Beleza, então a gente aprendeu:
A observar o crescimento no TVL;
Verificar se o crescimento é orgânico através da observação de eventos;
O que fazer com essas informações.
Mas tem mais.
Taxas e mais taxas
Lembra do exemplo do Barcelos que eu falei? Então, ele não analisou o TVL no DefiLlama. Esse tchola explicou que ele tava observando quanto a Convex tava fazendo em taxas. Pois é, essa é a segunda grande métrica que deve ser observada.
Por isso, vamos ativar a leitura de “fees” no DefiLlama que nem na imagem abaixo:
“Mas por que isso, Pelica?” São dois pontos: a) um protocolo que coleta bastante fee tem caixa para reverter em incentivos e, consequentemente, continuar atraindo atenção e b) muitos investidores que saem do mercado financeiro tradicional e investem em cripto ainda usam modelos de avaliação vindos de lá. No segundo ponto, uma das métricas que esses caras observam é a receita da empresa, que em cripto são as fees recebidas pelo protocolo.
Importante: não procurem picos de fees, procurem crescimentos orgânicos e sustentados em um determinado período.
Outra plataforma ótima e gratuita que vocês podem usar para acompanhar as taxas é o Token Terminal. É só entrar lá e, no canto superior da página principal, escolher a opção “fees”. Divirta-se lá.
Divirta-se no Modular PRO também!
Hora do jabá, malditos! Seguinte: avaliar o estado atual do mercado é um trabalho que é impossível de ser feito por uma só pessoa atualmente. E essa é mais uma razão para você assinar o Modular PRO, o serviço especializado da Modular Crypto.
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Nossa área de research já tá cozinhando sacanagens, e o nosso Discord tá a todo vapor. Em vez de pagar rios de dinheiro no passe de uma comunidade cheia de gente esquisita, você pode assinar o Modular PRO e trocar figurinha com quem também tá vivendo o mercado que nem você!
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Forks e apps exclusivos
Um terceiro filtro legal a ser aplicado é aquele envolvendo forks e apps exclusivos de rede. Por exemplo, eu lancei a blockchain de segunda camada Pelichain no Ethereum, a Aave deu deploy lá e o TVL cresceu. Eu não vou comprar AAVE com base nisso, né?
Agora, e se um app de empréstimo exclusivo entrou na Pelichain e o TVL tá crescendo absurdamente? Aí já é algo completamente diferente a se considerar, e vocês devem dar preferência aos tokens dessas aplicações.
Nesse ponto, a gente pode aplicar a lógica do fork. Fork, pra quem começou em cripto recentemente e não manja do termo, é como se fosse uma versão de algo que existe. Quando eu falo que a PancakeSwap é um fork da Uniswap, quer dizer que ela pegou tudo que funciona na Uniswap e aplicou em outro lugar.
Quando a Solidly foi lançada, muitas redes lançaram forks dela. Na real, ainda continuam lançado, embora tenha dado uma leve saturada. Essa parte demanda um pouquinho mais de noção do mercado, mas se você já tem algum tempo em cripto, é só observar aplicações que são versões de protocolos que já se mostraram bem-sucedidos.
A Tonchain, por exemplo, tá nervosona. E aí eles lançam um fork maravilhoso lá de uma plataforma tipo a Aave, exclusiva deles. Vale a pena conferir. Vale MUITO a pena conferir.
Importante: o lance dos forks demanda um conhecimento do mercado, porque forks batidos não vão pegar tração. Tá ligado o exemplo da Solidly? Então, começou a saturar, então é necessário entender qual formato de exchange descentralizada (se tiver) tá se tornando popular e mais fácil de replicar.
Considerações finais
Sim, tem muita coisa pra esticar nesse chiclete. Dá pra falar de estratégia com alfa e beta play, dá pra fazer um aprofundamento na análise das geminhas, dá pra falar de outras coisas que complementam as métricas que eu passei.
Como eu falei, contudo, esse é um conteúdo introdutório. Acredito com o que foi falado aqui, você já consegue ter uma noção legal do que procurar e onde procurar. Já é mais do que eu tinha quando entrei nesse mercado ingrato.
Ah, e o mais importante: sempre vai ser uma merda tentar prever movimentação de geminha, às vezes leva tempo, e nem sempre o mercado vai se movimentar da forma como você espera. É pra ser desconfortável mesmo. É a vida.
O mais importante é ter um framework para selecionar geminhas e, mais do que isso, sair delas para evitar um custo de oportunidade muito alto. O que eu faço é: corto perdas em 20% se o token não tá em uma narrativa quente, corto perdas em 50% se é uma memecoin e, no geral, corto perdas em 30%.
Mas esse sou eu! Tenho certeza que você vai aparecer com um framework BRABO e dominar a descoberta de geminhas. Agora, por favor, desça da motoca.