Monad vs. MegaETH : A Grande Batalha do Ciclo?
Estressando a EVM ao máximo por performance, mas quem ganha essa briga?
Monad e MegaETH são dois projetos emergentes e promissores que guardam relação com o ecossistema Ethereum. Embora apresentem caminhos diferentes, ambos os projetos buscam chegar à mesma solução: melhorar a eficiência da Máquina Virtual do Ethereum (EVM, na sigla em inglês).
A EVM é o coração do Ethereum. Em termos simples, é o software que lê os códigos dos contratos inteligentes e os transforma em aplicações.
Apesar de incrível, a EVM não evolui basicamente desde a criação do Ethereum. Por isso, atualizações nos parâmetros da EVM são mais do que necessárias, e é o que esses dois projetos se propõem a fazer.
Para entender quais são essas atualizações propostas por Monad e MegaETH, é necessário entender melhor esses projetos.
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Monad e a paralelização das transações
Monad é uma blockchain modular de primeira camada compatível com EVM. Na prática, isso significa que essa rede não guarda relação direta com o Ethereum, ainda que possui compatibilidade para replicar aplicações construídas nela.
Além disso, a modularidade é uma característica que habilita a personalização dos projetos criados sobre a infraestrutura da Monad. Ou seja: cada aplicação pode alterar suas camadas de execução, consenso e disponibilidade de dados na hora de se “acoplar” à Monad.
Paralelização, assincronicidade e descentralização
As blockchains modulares, no entanto, não são novidade no mercado. Por isso, só dizer que a Monad é modular não basta para entender seu impacto na EVM.
As atualizações propostas por esse protocolo começam pela paralelização de execução e consenso. Blockchains como Bitcoin e Ethereum são conhecidas como sequenciais que, como o nome sugere, se baseiam em transações que se organizam em sequência, uma após a outra.
Em outras palavras, a transação 101 precisa que a transação 100 seja concluída para que ela possa ser processada e incluída no bloco.
A Monad criou, então, um modelo de EVM que é paralelizada. Isto é, as transações são executadas simultaneamente e de forma independente. Isso permite uma eficiência maior no tempo de processamento das transações.
Contudo, um problema ainda persiste. Keone Hon, CEO da Monad, explicou em um episódio do podcast do coletivo educacional Bankless que a execução toma pouco tempo da rede.
Na verdade, os nós sofrem muito mais para chegar a um consenso, que é o processo de ler o estado atual de um contrato inteligente e utilizá-lo para validar uma transação. Por exemplo, ao trocar tokens em um pool de liquidez, o que pesa nessa ação não é a troca dos tokens em si, que seria a execução.
A parte pesada é, na verdade, o tempo que leva para a rede ler qual é o saldo restante do pool após a operação e propagá-lo para seus nós, que é uma informação utilizada para validar as transações seguintes feitas naquele pool.
Por isso, a Monad apresentou também a paralelização de consenso. Quando uma transação precisa ler o estado da rede para prosseguir com o processo de validação, a produção de blocos não é interrompida. Enquanto o estado da rede é analisado, os nós começam a trabalhar em outra transação, garantindo a agilidade da rede.
O processo que garante esse grau de paralelização é chamado de assincronicidade. A EVM, porém, não conta com essa funcionalidade.
Portanto, a Monad criou sua própria base de dados que armazena o estado da rede, chamada de MonadDb. Na MonadDb, a execução é independente do consenso.
Essa estruturação gera um segundo impacto prático, que é o aumento da descentralização da rede. Uma vez que os nós não precisam analisar todo o histórico de dados da blockchain para validar uma única transação, os requerimentos de hardware se tornam menores.
Consequentemente, dispositivos com capacidades computacionais mais fracas podem ser utilizados como nós da Monad.
Todas as especificações mencionadas são com base no modelo pré-existente de EVM. Isso significa que não foi criado um novo software do zero, mas uma versão melhorada da Máquina Virtual do Ethereum.
MegaETH e o caminho da L2
Blockchains de segunda camada (L2) são, em suma, redes criadas sobre uma blockchain de primeira camada para auxiliar na escalabilidade desta. Falando de forma mais simples, as L2 fazem todo o trabalho de execução das transações fora da camada principal, e enviam apenas os resultados para validação e alinhamento do consenso.
A MegaETH é mais uma das blockchains de segunda camada criadas sobre a estrutura do Ethereum. Mas, ao mesmo tempo, ela não é.
O que diferencia a MegaETH é o seu extremo foco em performance. Em sua documentação, o projeto se classifica como “a primeira blockchain em tempo real”.
A proposta da MegaETH é criar uma blockchain que funciona com apenas um sequenciador. Os sequenciadores são responsáveis por organizar as transações de L2 e alinhá-las, para que elas entrem no modelo sequencial que já foi descrito anteriormente.
Após organizar as transações, o sequenciador sintetiza as informações e envia para a camada principal que, no caso da MegaETH, é o Ethereum.
Ao manter a rede funcionado através de apenas um sequenciador, todos os outros nós da rede se tornam especializados em consenso. E, como já foi dito, o que mais toma tempo na produção de blocos é justamente o período necessário até obter consenso.
Além disso, segundo a documentação do projeto, ele também conta com uma atualização do state sync, que é o processo responsável por sincronizar os sequenciadores e os nós.
Não cabe entrar no aspecto profundamente técnico do procedimento, mas é o mesmo processo que a Monad fez com a MonadDb. Mas atenção: apenas o procedimento é semelhante, não os meios empregados.
Além disso, a MegaETH também implementa o modelo de paralelização de transações, reduzindo ainda mais o tempo de processamento.
Similaridades e diferenças
Monad e MegaETH guardam em comum um grande objetivo: aumentar a eficiência da EVM. A primeira similaridade é o emprego da paralelização de transações, ainda que a MegaETH paralelize somente a execução.
A segunda é a capacidade que ambas blockchains possuem de embarcar a nova leva de aplicações descentralizadas (dApps). Ainda mencionando o episódio da Bankless onde representantes de ambos os projetos discutem suas propostas, é dito que as propostas de eficiência podem motivar a criação de dApps ainda não vistos.
O campo das diferenças também conta com duas disparidades nítidas. A primeira delas, e mais aparente, é a decisão sobre a arquitetura: enquanto a Monad escolhe ser uma blockchain de primeira camada, a MegaETH é uma blockchain de segunda camada.
Uma curiosidade é que a Monad pretende ser uma “blockchain de vanguarda”, servindo como área de testes para atualizações da EVM que, posteriormente, podem ser implementadas no Ethereum.
A segunda é o aspecto da descentralização. Enquanto a Monad quer ter o maior número possível de nós distribuidos entre diferentes usuários, a MegaETH apresenta uma estrutura centralizada em um sequenciador.
Esse sequenciador, apesar de ser um hardware com altíssima capacidade computacional, é um ponto único de falha.
Embora pareçam poucos pontos de divergência, eles fazem uma tremenda diferença quando colocamos em perspectiva o fato desses projetos serem o futuro da EVM e, consequentemente, do ecossistema Ethereum.
Importantes apoiadores
Em termos de comunidade, a Monad é um fenômeno. O projeto rapidamente ganhou um culto fiel de seguidores, e até mesmo criou um grupo onde apenas os mais ativos membros permanecem. Ocasionais eventos de “expurgo” são feitos dentro do grupo voltado à comunidade da Monad.
Uma máxima do mercado cripto é que a atenção é o ativo mais valioso que um projeto pode ter. Nesse caso, a Monad é um projeto muito rico.
Aliás, a Monad é rica em outro caso também: o projeto levantou US$ 244 milhões através de duas rodadas de financiamento, a mais recente sendo realizada em abril deste ano.
Um ponto importante: o fundo que liderou os investimentos na Monad é a Paradigm, conhecida pelos seus projetos que ganham tração rapidamente entre os usuários de cripto, como Blast, Blur, Phantom e Symbiotic.
Além da Paradigm, a Monad conta com investimento de outras grandes figuras, indo desde Electric Capital e Coinbase Ventures até investidores-anjo como Ansem, Rune Christensen (co-fundador da MakerDAO) e Mert Mumtaz (CEO da Helius).
Por outro lado, a MegaETH ainda não conta com uma grande comunidade. Usando seu perfil no Twitter como termômetro, ele tem quase oito vezes menos seguidores que o perfil da Monad.
Além disso, a L2 em tempo real do Ethereum também conta com um investimento substancialmente menor, arrecadando apenas US$ 20 milhões em junho deste ano.
O que salta aos olhos aqui, no entanto, é uma das figuras que resolveu apoiar a MegaETH: Vitalik Buterin. Sim, o co-fundador do Ethereum apareceu como investidor-anjo do projeto.
Outros nomes relevantes que investiram na MegaETH são Sreeram Kannan, fundador da EigenLayer, e Joseph Lubin, um dos co-fundadores do Ethereum e fundador da ConsenSys.
Conclusão
Com base no que foi dito, ainda é cedo para dizer qual dos dois projetos apresenta a melhor proposta para atualizar a EVM.
Enquanto a Monad apresenta um modelo robusto que reúne descentralização e eficiência, ele se distancia do ecossistema Ethereum por ser uma blockchain de primeira camada alternativa.
Por outro lado, a MegaETH se mantém ligada ao Ethereum por entender que blockchains de segunda camada são a melhor arquitetura disponível atualmente em termos de escalabilidade e descentralização, mas contraria o ideal de descentralização ao otimizar as transações utilizando apenas um sequenciador.
É possível que, talvez, a Monad tenha um começo mais forte por contar com uma comunidade ampla e engajada apoiando seu projeto. Contudo, ainda não há previsão para a sua mainnet.
Já a MegaETH tem seu lançamento previsto entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025. Ainda que o projeto não desfrute da mesma comunidade que a Monad, o apoio de grandes nomes podem fazer com que essa seja apenas uma questão temporária.
No fim do dia, independente de qual projeto se sobressaia, uma nova era de desenvolvimentos para a Máquina Virtual do Ethereum já se desenha no horizonte.
Fontes:
https://www.monad.xyz/
https://cryptorank.io/ico/
https://www.monadlabs.xyz/
https://megaeth.systems/
https://www.bankless.com/whats-the-deal-with-megaeth-2
Antes de terminar, gostaríamos de lembrar que o conteúdo discutido aqui é estritamente informativo e destinado a fomentar a discussão geral. Não deve ser interpretado como recomendação financeira, fiscal ou conselho de vida para qualquer indivíduo. Encorajamos fortemente que você faça sua própria pesquisa e consulte profissionais qualificados.
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