Fundos cripto são queridinhos do Brasil
Brasileiros têm histórico de interesse em fundos cripto, diz Diretor de Gestão da Hashdex.
Já temos 26 semanas no ano e, em 25 delas, os brasileiros realizaram aportes em fundos com exposição a criptomoedas. Nos dados da gestora de ativos CoinShares, são US$ 161 milhões aportados até agora, deixando o Brasil atrás somente de Hong Kong e Estados Unidos em termos de fluxo total de entrada em fundos cripto em 2024.
Quem acompanha as notícias sabe que o Brasil tem um alto índice de adoção de criptomoedas. De acordo com o relatório “Geography of Cryptocurrencies” da Chainalysis que saiu no fim do ano passado, somos o nono país que mais adota cripto no mundo. Mas o caso dos fundos é diferente e eu quero ir mais a fundo.
RANDANDANDANDANDANDANDAN! Você sabe o que é isso, né? O barulho da motinha. Suba e vamos desbravar o tema.
Observações importantes
Antes de acelerar a motoca, deixa só eu fazer alguns esclarecimentos. Em uma matéria que eu fiz para o Cointelegraph Brasil no ano passado, troquei uma ideia com o head de research da CoinShares, James Butterfill, e ele revelou que apenas os fundos da gestora Hashdex são considerados nos cálculos.
De acordo com ele, são os únicos fundos que estão listados no terminal da Bloomberg, e é de lá que ele tira os dados. Os números publicados semanalmente pela CoinShares, então, não refletem completamente os fluxos dos fundos cripto no Brasil. Eles servem, porém, como uma excelente bússola.
Sobre os fundos da Hashdex, a gestora conta hoje com três fundos ativos, seis fundos passivos e seis fundos negociados em bolsa, os famosos ETFs. Ou seja: estamos falando de produtos que oferecem diversidade aos investidores que querem se expor ao mercado de criptomoedas através de fundos.
Esclarecidos esses detalhes, vamos agora acelerar a motoca.
Começando do começo
Como eu não entendo bulhufas de fundos cripto, eu fui pedir ajuda ao João Marco Braga da Cunha, que é Diretor de Gestão na Hashdex. Em uma parte do nosso breve papo, ele disse que o investidor brasileiro tem um histórico de preferência por investimentos em cripto através de fundos. Isso é algo comum também nos investidores do Canadá, já que foi lá e aqui que os primeiros ETFs de cripto foram lançados.
Para traduzir a fala do João em números, voltei em um relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) publicado no começo de 2023 que fala sobre o crescimento do mercado cripto no Brasil, considerando dados coletados até abril de 2022.
Enfim, tem uma parte que fala sobre fundos cripto, e o papo é o seguinte:
“Assim como nos investimentos diretos, os brasileiros também demonstraram interesse em se expor ao mercado cripto através de fundos. Mais do que isso, houve um crescimento expressivo e muito rápido no volume aplicado nesses fundos.
Em dezembro de 2020, existiam apenas dez fundos de criptomoedas no Brasil, que somavam R$ 600 milhões em ativos sob gestão e 2.100 cotistas em exposição. Em apenas um ano, o número de fundos subiu para 244 e o patrimônio líquido disparou para R$ 58,5 bilhões, um aumento de 9.750%. O número de cotistas atingiu 464,8 mil.”
Apesar da frente fria que atualmente se põe sobre o Rio de Janeiro, o Diretor de Gestão da Hashdex não passa frio, pois está coberto de razão. O relatório destaca ainda que o varejão foi quem mais investiu em cripto através de fundos entre 2020 e 2021, representando 65% dos aportes em ETFs e 56% dos aportes nos fundos com exposição indireta, que são os fundos multimercado com permissão para adicionar um pouco de cripto na composição.
Seja PRO!
Na quinta-feira, dia 4 de julho, lançaremos o serviço Modular PRO.
Alfa? Temos.
Os melhores degenerados do mercado? Temos.
Os papos mais bacanas? Temos.
Conteúdo o tempo inteiro? Temos.
Acompanhe o perfil da Modular no Twitter e não fique por dentro do lançamento!
Mas por que?
Beleza, os brasileiros curtem investir em cripto através de fundos. Mas o que motiva isso?
O primeiro motivo listado pelo João é a comodidade. Agora que grandes bancos oferecem investimentos em ativos digitais através de fundos, o investidor que busca uma diversificação consegue isso de forma simples no app do banco. Além disso, ele não precisa fazer a custódia dos criptoativos.
Sobre a custódia, o segundo ponto é o ganho em segurança. Convenhamos, é complicado para um novo usuário que nunca nem sequer leu um texto sobre cripto, mas quer fazer uma fézinha, fazer a custódia das suas próprias criptomoedas. Nesse ponto, o investimento indireto fornece, além da praticidade já mencionada, uma camada de segurança que protege até mesmo o usuário de suas próprias ações.
“Ah, mas aí é not your keys, not your coins!” Tá bom, carniça. Vai caçar teus amigo Bitcoin maxi e não enche o meu saco.
Partindo para o próximo ponto, o Diretor de Gestão da Hashdex explica porque o Brasil tá mostrando um fluxo total de aportes maior que de outras economias consolidadas, como Suíça, Alemanha e Canadá.
“A gente tá atrás de Estados Unidos e Hong Kong, que são dois países que abriram seus ETFs agora. Então, eles estão atendendo uma demanda que até agora estava reprimida. Quando falamos das outras economias, particularmente Europa e Canadá, são economias que já tinham seus ETFs e tinha uma grande presença de capital americano nesses produtos. Quando é aberto o mercado americano, especialmente naquela competição de taxas que marcou o lançamento simultâneo dos produtos nos Estados Unidos, há um grande fluxo de capital saindo da Europa e do Canadá em direção aos Estados Unidos.”
Nesse cenário, com o Brasil já tinha um mercado de fundos cripto consolidado, o país não sofreu com essa concorrência dos produtos cripto lançados nos EUA.
Além disso, o João levantou outro ponto importante que é a taxa de juros no Brasil. Teoricamente, uma alta taxa de juros como o nosso atual patamar deveria afastar os investidores brasileiros dos ativos de risco.
“Mas quando olhamos as categorias dentro dos investimentos de risco, vemos a indústria de fundos multimercado sofrer muito. Dependendo do recorte utilizado, vamos dizer os últimos 18 meses, cerca de 90% dos fundos multimercado não conseguiram bater o CDI. E na parte das ações, o Ibovespa chegou a cair 10% em um ano. O que eu vejo nesse cenário, então, é o investidor brasileiro alocando a parte do portfólio dele que iria para os ativos de risco dentro de cripto, porque é algo que tá rendendo.”
E é basicamente isso, galera. Criptomoedas são o investimento de risco mais atrativo para os brasileiros atualmente, e os fundos são uma forma cômoda que esses investidores têm de se expor a esse mercado.
A pergunta que fica é: a sequência de 21 semanas com fluxo positivo de capital direcionado aos fundos pelos brasileiros em 2024 foi quebrada. Será que a gente consegue superar ela?
Antes de terminar, gostaríamos de lembrar que o conteúdo discutido aqui é estritamente informativo e destinado a fomentar a discussão geral. Não deve ser interpretado como recomendação financeira, fiscal ou conselho de vida para qualquer indivíduo. Encorajamos fortemente que você faça sua própria pesquisa e consulte profissionais qualificados.
Acompanhe-nos nas nossas redes sociais
Participe da nossa comunidade no Discord.
Informações interessantes