🔲 Ethereum e ETFs: um papo necessário
Se for criticar ETH, existem argumentos melhores do que a performance dos ETFs.
Ser holder de Ethereum (ETH) não é fácil. Não sei se vocês já pararam pra pensar mas, na prática, nós somos tipo os holders de Polygon que tanto zoamos: carregamos um token tomando outperform com a esperança de que os fundamentos impulsionem o preço.
Tudo bem que, no último ano, MATIC apanhou mais do que minha tia que tinha um marido cachaceiro. Mas, de qualquer forma, o efeito prático é parecido.
Tá, eu só queria deixar essa reflexão aqui. O artigo de hoje é sobre o uso do sucesso (rs) dos ETFs de Ethereum para medir o sucesso de ETH, passando pelos motivos que eu acredito serem os responsáveis pela diferença.
E, claro, dando um pouco de esperança para os holders dessa linda nação da América Latina.
Depois de falar sobre isso três vezes na semana passada no Modular News, resolvi deixar por escrito as minhas reflexões. Talvez o TDAH não me atrapalhe tanto dessa vez.
Suba no motoca, irresponsável.
Deu a lógica
Enquanto eu escrevo esse artigo, os ETFs spot de Bitcoin negociados nos Estados Unidos já acumulam US$ 24,2 bilhões em inflows desde o lançamento no fim de janeiro. Os dados são da Farside Investors.
Por outro lado, os ETFs spot de Ethereum estão com fluxo negativo de quase US$ 480 milhões, também nos dados da galera da Farside.
E aí a galera já começa a falar que ETH é fraude, que Bitcoin é o brabo e coisas do tipo. Tirando os exageros, como dizer que Ethereum é um lixo, geralmente as afirmações guardam alguma verdade.
Mas, focando nos ETFs, deu a lógica. Todos os analistas renomados que comentaram sobre esses produtos comentaram basicamente a mesma coisa: o começo vai ser duro com os outflows do ETF de Ethereum da Grayscale (ETHE) e vai ser feio.
Além disso, o analista sênior de ETF da Bloomberg, Eric Balchunas, já tinha comentado que a galera esperando os produtos ligados a ETH não deveria esperar o mesmo sucesso dos ETFs de Bitcoin.
A previsão de Balchunas, publicada em maio desse ano, foi que os ETFs de ETH iam pegar só de 10% a 15% dos fluxos vistos nos mesmos produtos ligados ao Bitcoin.
Essa previsão está ligada ao melhor exemplo que temos atualmente, que é a relação desse par de criptomoedas no mercado spot. O Ethereum, atualmente, representa pouco mais de 20% do valor de mercado do Bitcoin.
Existem, contudo, outras coisas que colaboram para essa discrepância.
Ausência de regras claras
Começando com a principal questão envolvendo o Ethereum nos Estados Unidos: a ausência de regulamentação.
Enquanto o Gary Gensler — ou guerisguenslis, como o Uai gosta de chamar — já falou algumas vezes que o Bitcoin não é um valor mobiliário, ele nunca falou a mesma coisa sobre o Ethereum.
Embora os ETFs deem certa credibilidade ao ativo, ainda falta bater esse martelo para deixar investidores institucionais totalmente confortáveis.
“Mas Pelica, só 20% dos investidores institucionais compram ETF de Bitica!” Muito bem observado. O lance da regulamentação explica só o comportamento dos institucionais e uma parte do varejo, mas não explica um desinteresse tão grande no geral.
Por isso, vamos ao próximo ponto.
É difícil, chefe
Ainda indo com o meu mano Balchunas, ele acredita que os ETFs de ETH têm uma dificuldade de penetrar o mundo de investimento dos “boomers” pela dificuldade de explicar a proposta e o valor do Ethereum.
Eu concordo, e não acho que seja um trabalho difícil só entre os boomers. É provável que, quando você fala pra alguém próximo que trabalha ou investe em cripto, a primeira pergunta seja: “é aquele negócio de Bitcoin?”.
Pois é, de Bitcoin, e não de Ethereum. Claro, não sejamos lunáticos em dizer que explicar Ethereum para alguém de 20 anos é tão difícil quanto explicar a rede para alguém com 60 anos.
Mas, mesmo assim, tem suas particularidades. E, se não é possível passar o valor que o Ethereum tem de forma clara, essas pessoas não vão investir.
“Ok, Pelica! Então, se os boomers das finanças tradicionais entenderem, eles vão investir em Ethereum?”
Err…
Mesmo entendendo…
O Andrew Kang, co-fundador do fundo de capital de risco Mechanism Capital, fez uma publicação um mês antes dos ETFs de Ethereum saírem que eu vivo repetindo à exaustão.
Nessa publicação, ele diz que é comum a comparação entre Ethereum e ações de uma empresa de tecnologia. Kang, então, aponta a Intel como uma boa comparação.
“Mas logo a Intel, Pelica?” Sim. De acordo com ele, rolou a mesma coisa entre Intel e ETH: algo inovador que surgiu com potencial de crescimento ilimitado, mas que viu sua trajetória de inovação desacelerar enquanto competidores engolem pedaços de participação de mercado.
O resultado é uma projeção de crescimento menor, que mina o interesse dos investidores. E aí ele completa:
“Me diga como você vai oferecer uma ação com 200x price-to-share, crescimento negativo de receita e lucratividade negative para investidores, com um valuation de US$ 420 bilhões. Os malucos de cripto comprarão isso, mas é loucura acreditar que o pessoal das finanças tradicionais vão comprar porções significativas dados os fundamentos atuais.”
No mesmo dia, Kang já tinha feito outra publicação prevendo que os ETFs de Ethereum passariam por esse marasmo inicial, justamente pelo que ele disse acima e alguns outros motivos.
De qualquer forma, ele segue achando que os ETFs de Ethereum terão 15% dos produtos baseados em Bitcoin.
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“Calma, ele ainda está vivo!”
Certo, agora que ajustamos nossas expectativas em relação aos ETFs de Ethereum, vamos começar a rodada de esperança.
Nate Geraci, CEO da ETF Store e um dos caras que mais fala com propriedade sobre ETFs de cripto, fez uma publicação interessante no começo de outubro.
Na publicação dele, 13 dos 25 ETFs lançados esse ano com maior fluxo de entrada de dinheiro são de cripto. Os quatro maiores são ETFs spot de Bitcoin mas, entre esses 25 fundos, estão presentes três de Ethereum.
Ele ainda brinca e diz: “eu chamo essa obra-prima de ‘sem demanda’”.
“O que tu quer dizer, Pelica?” Que ficamos mal-acostumados. Sim, os ETFs de Bitcoin são uma besta sagrada reluzente, e os analistas de ETF vivem repetindo isso. Mas os ETFs de Ethereum não estão ruins das pernas, não.
Mesmo com todos os problemas, eles ainda estão atraindo fluxos significativos. É possível dizer que ETFs de Solana, quando aprovados, vão atrair mais capital? Difícil dizer.
É complicado usar a métrica de fluxos e ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês) para os produtos de Ethereum, porque o AUM deles caiu com força por conta do ETHE da Grayscale.
Não dá pra dizer que o mesmo aconteceria com a Solana, porque o fundo de SOL gerido pela Grayscale tem só US$ 83 milhões em gestão e não haveria o mesmo efeito de queda em AUM após a liberação de ETFs.
Só lembrando o que rolou com os fundos de Ethereum da Grayscale: as cotas eram negociadas com desconto em relação ao preço de ETH no spot. Quando os ETFs surgiram, o preço foi ajustado e aí foi um trade lucrativo pra quem comprou lá atrás.
Aliás, reforçando que eu não conto com um “fracasso” dos ETFs de Solana, pelo contrário. Só tracei a comparação porque com certeza alguém cobraria se não tivesse.
O futuro é lindo
Seguindo com as opiniões do Geraci, em março ele já tinha feito um comentário semelhante ao do Andrew Kang: os ETFs de Ethereum realmente teriam dificuldades em seus primeiros meses.
Ele acrescentou que, por isso, investidores passariam a especular um tamanho menor para os ETFs de Ethereum. “Prevejo que os ETFs de Ether serão algo maior do que todo mundo acha”, o Geraci disse à época.
E aí, no dia 3 de novembro, ele compartilhou sua própria publicação de março dizendo:
“Sigo com o que eu disse no início do ano. Acredito que é só questão de tempo antes que os fluxos nos ETFs de Ethereum comecem a acelerar. Pode levar um tempinho. De qualquer forma, o iShares Ethereum ETF [ETF de ETH da BlackRock] é o sexto maior lançamento desse ano entre 600 ETFs.”
É importante reforçar que o Geraci já concordou com a previsão do Balchunas comparando o tamanho dos ETFs de Bitcoin e Ethereum. Ou seja, ele também acredita que os produtos de ETH captarão de 10% a 15% do fluxo de capital recebido pelos produtos de BTC.
Nota-se, então, um padrão: embora nenhuma das pessoas que eu elenquei aqui acredite que os ETFs de Ethereum serão do tamanho do Bitcoin, eles tampouco acreditam que esses ETFs serão um fracasso como todo mundo coloca.
E, talvez, os primeiros sinais estejam aparecendo.
O primeiro de seu nome
O fundo de pensão do estado de Michigan, nos Estados Unidos, é um dos poucos a investir em cripto através de ETFs.
No formulário 13-F enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) informando os investimentos do segundo trimestre, o estado de Michigan revelou ter ações do ETF de Bitcoin ARKB, gerido pela ARK Invest em parceria com a 21Shares.
Só um parênteses rápido: instituições que superam um teto de ativos sob gestão são obrigadas a informar à SEC, em detalhes, os seus investimentos. Isso é feito através dos formulários 13-F.
Isso dá, atualmente, cerca de US$ 7 milhões. Acontece que, no dia 4 de novembro, o estado de Michigan publicou o seu formulário referente ao terceiro trimestre, e foi revelado que eles investiram mais de US$ 11 milhões em Ethereum através dos ETFs da Grayscale — o ETHE e o mini trust.
Existem duas informações importantes nisso! A primeira é que o fundo de pensão de Michigan se tornou o primeiro do país a investir em ETH.
A segunda informação, e que foi salientada pelo Eric Balchunas, é: os caras têm mais exposição a ETH do que BTC. Ele considerou isso uma “grande vitória” para os ETFs de Ethereum, e uma que eles estão precisando no momento.
E, como geralmente acontece com instituições, pode ser que uma esteja esperando o exemplo da outra.
Conclusão
Usar a “falta de sucesso” dos ETFs de Ethereum para criticar o ativo talvez não seja o melhor dos argumentos. Dentro do discurso, existem argumentos melhores, como a fraqueza do par ETH/BTC levantada por Andrew Kang.
Embora os ETFs estejam passando por “apertos” atualmente em relação ao Bitcoin, eles não apenas eram esperados, como não se tratam de apertos. Os dados levantados por Nate Geraci mostram que os ETFs de Ethereum ocupam posição de relevância no contexto geral, não apenas do mercado cripto.
Desenvolvimentos positivos, como a adição de cotas dos fundos da Grayscale ao fundo de pensão de Michigan, podem ser o catalisador necessário para que o movimento previsto por Geraci comece a se desenhar.
É importante ressaltar que deixei de fora do artigo os desenvolvimentos recentes e extremamente positivos envolvendo o Ethereum, como a iniciativa da Visa de tokenizar moedas fiduciárias usando a rede, e a iniciativa de empresas como Anchorage Digital, Galaxy Digital, Kraken, Paxos e Robinhood de lançar uma stablecoin conjunta no Ethereum.
Vou deixar aqui nos links de apoio. É isso, pode descer da motoca agora.
Links de apoio
Iniciativa de tokenização da Visa baseada no Ethereum: https://www.coindesk.com/business/2024/09/25/visa-to-help-banks-issue-fiat-backed-tokens-on-ethereum-via-new-tokenized-asset-platform;
Global Dollar Network, a iniciativa de stablecoin baseada no Ethereum: https://www.prnewswire.com/news-releases/introducing-global-dollar-network---an-open-network-to-accelerate-and-reward-global-stablecoin-adoption-driven-by-anchorage-digital-bullish-galaxy-digital-kraken-nuvei-paxos-and-robinhood-302295847.html.
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ooo guérisguenlis....
Escreve bem o moço