Análise de Projeto: Entendendo a Story Network
O que está por trás dos 140 milhões de dólares que esse protocolo conseguiu captar? E como conquistar uma fatia disso?
A Story Network é um protocolo que pretende revolucionar o mercado legal de IP (Propriedade Intelectual), ao tornar o IP "programável" e integrado a blockchain que chamou bastante a atenção da comunidade esses últimos tempos ao anunciar que captou mais de 100 milhões de dólares de investimentos para a construção do projeto.
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Visão Geral
Atualmente, criadores de conteúdos, artistas, músicos, precisam proteger suas obras e querem garantir que possam licenciar e monetizar seu trabalho de forma eficiente. Hoje, isso é feito através de processos legais tradicionais, que são caros, demorados e complexos, além de centralizados.
Para permitir que outros usem e expandam seu trabalho, os criadores precisam fechar acordos de licenciamento individuais (contratos personalizados que regulam como uma obra de arte pode ser utilizada). Isso também envolve advogados, dinheiro e tempo, tornando o processo pouco escalável.
Além de toda a burocracia, também temos o avanço da tecnologia de IA, que está superando a capacidade do sistema de IP tradicional, o qual foi projetado para uma era de replicação física (como livros ou discos). Esses modelos de IA são treinados em dados que podem estar protegidos por direitos autorais, criando um problema complexo de IP.
A Story Network propõe uma solução através da sua Blockchain Layer 1, compatível com EVM (Ethereum Virtual Machine) e com o Cosmos SDK, como infraestrutura, onde pessoas ou programas podem licenciar, remixar e monetizar IPs. Os termos de uso e licenciamento são definidos de maneira transparente pelos próprios criadores, e tudo é gerido por contratos inteligentes, que automatizam processos legais e evitam falhas humanas.
As licenças de IP se tornam programáveis, o que significa que as condições de uso (como royalties, permissões de remixagem, etc.) são incorporadas diretamente na blockchain. Isso permite que as transações de licenciamento ocorram automaticamente e em grande escala, sem necessidade de negociação manual.
O protocolo emprega uma camada de consenso baseada na tecnologia CometBFT (uma solução de consenso eficiente, segura e flexível), que permite alcançar a finalidade rápida das transações e mantê-las baratas.
A Story, que foi fundada em 2022, planeja usar o capital investido no projeto para construir sua infraestrutura de rede IP e integrar mais parceiros desenvolvedores. A empresa já tem mais de 200 desenvolvedores usando sua plataforma para permitir a criação de conteúdo usando IP programável.
Em uma entrevista a CNBC, Sy Lee ( Cofundador e CEO da Story) afirmou: “Há um enorme e surpreendente renascimento digital que está transformando todos em criadores ou estúdios, mas, ao mesmo tempo, se ninguém está realmente compensando e monetizando a propriedade intelectual corretamente, é uma ação suicida para a IA a longo prazo.”
Prova de Criatividade
A Prova de Criatividade (Proof-of-Creativity) é um protocolo que foi projetado para registrar, gerenciar e proteger a Propriedade Intelectual (IP) na Story Network.
É composto por contratos inteligentes implantados na blockchain da Story, permitindo que qualquer pessoa registre sua IP em ativos digitais dentro da rede. Esses ativos digitais são chamados de "IP Assets" (IPA). Esse registro transforma a IP em uma forma digital programável na blockchain, que pode ser gerenciada, licenciada e monetizada.
Um IP Asset é representado por um NFT na blockchain. Esse NFT pode ser um já existente (como um Azuki) ou um novo, criado especificamente para representar algum ativo de IP off-chain (como um livro ou uma música).
No contexto geral, a Prova de Criatividade permite que criadores registrem sua IP na blockchain, definam como ela pode ser usada, e automatizem o licenciamento, royalties e disputas. Tudo isso é feito através de contratos inteligentes, que garantem que os direitos e termos estabelecidos pelos criadores sejam respeitados automaticamente e de maneira escalável.
Licença IP Programável
Os termos de um IPA e os "License Tokens" (NFTs que representam licenças) são aplicados por um contrato legal off-chain chamado Programmable IP License (PIL). Esse contrato permite que qualquer um converta a IP tokenizada em um contexto legal fora do blockchain, descrevendo como os criadores podem remixar, monetizar e criar derivados de sua IP.
O PIL cria uma ponte entre o mundo legal (off-chain) e a blockchain, automatizando e aplicando os termos de licenciamento e uso da IP. Assim como o USDC permite a troca por moeda fiduciária, o PIL permite o resgate por propriedade intelectual.
Vamos para um exemplo prático, para explicar um pouco melhor sobre o protocolo:
Para criar uma história em quadrinhos usando um NFT Azuki de outra pessoa e seu NFT Pudgy, você precisaria:
Esperar que o Azuki tivesse uma licença disponível, encontrar e contatar o proprietário do Azuki, negociar os termos da licença para seu Pudgy, e provavelmente contratar um advogado para criar um contrato entre os dois IPs.
Com a Story Network, os proprietários de Azuki e Pudgy podem registrar seus IPs como IP Assets na rede e definir termos de licenciamento usando o PIL. Qualquer pessoa pode ver esses termos na rede e licenciar automaticamente os IPs usando o módulo de licenciamento, que gera um contrato de licença real.
O quadrinho resultante pode ser registrado como um derivado, e a receita gerada pode ser automaticamente distribuída entre você e os detentores dos IPs, tudo de forma transparente e automatizada na blockchain.
E se alguém simplesmente ignorar todas as regras da Story e simplesmente copiar o conteúdo protegido por Propriedade Intelectual, clicando em "Salvar como" para baixar o conteúdo?
Primeiramente, o protocolo está conectado a um contrato real chamado "Programmable IP License" (Conforme foi descrito acima). Esse contrato faz com que o IP registrado na Story esteja protegido legalmente fora da blockchain. Ou seja, se alguém roubar seu IP e utilizá-lo indevidamente, você tem o direito de processar essa pessoa na justiça, como em qualquer outra situação de violação de IP.
O protocolo também criou um módulo chamado “Dispute Module”. Esse módulo permite que qualquer pessoa na rede sinalize que determinado conteúdo está sendo usado de maneira inadequada ou que houve uma violação dos termos estabelecidos pelo criador original. Se a disputa for considerada válida, o conteúdo infrator será sinalizado na blockchain. Isso significa que o IP violado não poderá mais ser monetizado ou licenciado para outros, impedindo que o infrator se beneficie do uso indevido.
Porque a Story decidiu criar uma Layer 1, ao invés de utilizar uma blockchain já existente, ou criar uma Layer 2?
Segundo o próprio projeto, isso ocorreu devido às limitações técnicas encontradas ao tentar implementar suas soluções em Layer 1 já existentes e também em Layer 2. As L1s existentes não conseguiam lidar de maneira eficiente com o registro e a gestão de ativos de Propriedade Intelectual, especialmente quando envolviam gráficos complexos de IP com milhares de licenças e royalties.
Com sua própria L1, o protocolo pode otimizar diretamente a infraestrutura, melhorando a eficiência do uso de gás para manipulação de gráficos de IP, permitindo fluxos de royalties complexos e componibilidade de dados de licenciamento. Além disso, essa abordagem permite a implementação de funcionalidades nativas, como resolução de disputas on-chain e integração de oráculos, de forma mais descentralizada e robusta, sem depender de sistemas adjacentes ou soluções off-chain, que seriam menos eficientes e mais centralizadas.
Em análise estratégica e da posição de mercado do projeto, grandes empresas que hoje em dia utilizam a Web2, tem grande potencial para migrar para a Web3 através deste protocolo. Empresas grandes, como Netflix ou TikTok, podem executar seus próprios validadores na Story Network para gerenciar seus dados de IP e participar diretamente do processo de validação e consenso, permitindo uma personalização avançada e alinhamento de incentivos, com empresas controlando e otimizando a forma como seus dados e IPs são geridos e protegidos na blockchain.
Por exemplo: A Netflix pode registrar suas séries e filmes como IP Assets, permitindo que outros criadores licenciem personagens e conteúdo para novos projetos. Isso pode gerar novas fontes de receita e promover parcerias criativas benéficas tanto para a empresa, quanto para os criadores de conteúdo.
Investimentos:
O protocolo atraiu um volume significativo de investimentos, o que despertou nosso interesse, especialmente pela participação de grandes Venture Capitals no mercado, como a gigante, a16z (que liderou todas as rodadas de investimento do projeto até então). Até o momento, foram realizadas três rodadas de investimento importantes: Seed Round, Série A e Série B.
Seed Round (Realizada em Maio de 2023), onde obteve investimentos de US$29.30M:
Após 6 meses, o protocolo realizou mais uma rodada de investimento (Série A), obtendo US$25M e recebendo investimentos até mesmo do Balaji, uma das figuras mais importantes do universo cripto:
Na sua rodada mais recente e significativa, a Série B, o protocolo garantiu um investimento substancial de US$80M, com participação dos gigantes Polychain Capital, Cosmo de Medici e, claro, sendo liderada pela a16z:
O valor total arrecadado, de US$140M, posiciona a empresa em um patamar interessante, especialmente quando comparado a outros projetos relevantes no mercado, como a EigenLayer, que levantou US$164,50M, e a Internet Computer Protocol, que levantou cerca de US$167M. Essa comparação sugere que a avaliação da empresa pode ser igualmente promissora, indicando que ela está no radar de investidores de grande porte e possui um forte potencial de crescimento.
Tokenomics:
Ao que tudo indica, o Story Protocol terá um token nativo. Este token servirá para várias funções dentro do ecossistema do protocolo, incluindo o pagamento de royalties e licenças, e a participação em sistemas de recompensa baseados em provas de criatividade. Além disso, o token será utilizado para promover a liquidez e a participação financeira em ativos de propriedade intelectual.
Existem algumas formas de interagir com o protocolo e especular um possível Airdrop, como:
1- Entrar no site https://bot.story.foundation/ e concluir as tarefas solicitadas e garantir seu IP;
2- Entrar no site https://mint.story.foundation/ e concluir as tarefas sociais. Em seguida, acessar https://faucet.story.foundation/ e resgatar o token de Testnet da Story;
3- Acessar o site https://www.colormp.com/launchpad e mintar o NFT comemorativo da Story;
4- PiperX é o primeiro protocolo de infraestrutura construído na Story. Interagir com o protocolo pode ser uma possível elegibilidade de ganhar tokens. Para interagir, é necessário entrar no site https://app.piperx.xyz/ e fazer um swap de IP para o token que preferir;
5- Unleash é um protocolo operacional na rede da Story. Você pode acessar o site e prover liquidez;
Ainda é bastante cedo, mas essas foram as formas que encontramos de interagir com a Story e, quem sabe, garantir um Airdrop!
Considerações Finais:
Atualmente, o mercado de artes é enorme, e muitas plataformas acabam gerando mais receita do que os próprios artistas. A proposta do Story é exatamente o que todos nós, entusiastas da Web3, temos estudado diariamente: a descentralização.
Com a capacidade de automatizar royalties através de contratos inteligentes, a Story promete gerar um retorno significativamente maior para os artistas e seus parceiros, o que por si só já é uma indústria bilionária, agora imagine na blockchain. Além de ganhar com suas obras originais, os artistas poderão lucrar também com remakes e remixes, como é comum em plataformas como o TikTok, onde áudios e interpretações são compartilhados.
Estamos testemunhando um avanço crucial na evolução da Web3 e na descentralização, que não se concentra apenas em ativos financeiros, mas também valoriza o mercado de artes e os NFTs, atribuindo-lhes a importância que merecem. Contudo, apesar da promissora ideia, ainda nos resta aguardar para ver a execução desse projeto, quais parcerias irão trazer e outros fatores que vão influenciar na adoção do projeto.
Fontes:
Site Oficial: https://learn.story.foundation/
Whitepaper Oficial: https://docs.story.foundation/docs/what-is-story
Investimento: https://cryptorank.io/
DeFillama: https://defillama.com/
Antes de terminar, gostaríamos de lembrar que o conteúdo discutido aqui é estritamente informativo e destinado a fomentar a discussão geral. Não deve ser interpretado como recomendação financeira, fiscal ou conselho de vida para qualquer indivíduo. Encorajamos fortemente que você faça sua própria pesquisa e consulte profissionais qualificados.
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